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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Eternas "figuras" do Poder!


Na semana que passou, dois artigos publicados nos jornais me chamaram à atenção (fato raro hoje em dia), talvez não por causar espanto em meio a tanta mixórdia e sordidez da vida pública, mas por me fazer relembrar de um amigo em especial e das estórias que contava sobre sua família. Vamos aos artigos:

Luis Fernando Veríssimo nos brindou mais uma vez com seu talento e capacidade de dizer o simples, de maneira reflexiva e pontual, no artigo intitulado "Tiririca e Sarney", onde iniciou citando que certa vez Richard Nixon, defendeu a nomeação de um juiz reconhecidamente inadequado para a Corte Suprema americana com o argumento de que a mediocridade também precisava estar representada no tribunal. Na sequência, seguiu afirmando que todo tipo de cidadão deve ser representado numa democracia. Mais adiante, ressaltou que o recém empossado congresso brasileiro talvez seja o mais representativo da nossa história. No desenrolar da brilhante crônica, mencionou o senador Sarney eternizando-se no comando do Senado pelo seu poder de manobra e de conchavo, e completou dizendo que falar mal do Sarney é um pouco como falar mal de um velho tio excêntrico, mas cujas peripécias divertem a família. Tudo se perdoa e tudo se aceita com a frase: "que figura...". O indestrutível Sarney representa a persistência do gosto nacional por "figuras".

Outro artigo, do jornalista Carlos Brickmann, intitulado "A imundinha política", reproduzo aqui na íntegra: Ser aliado de Sarney garante no mínimo um bom emprego no setor elétrico. Ser adversário de Sarney significa encontrar obstáculos em qualquer caminho. O então governador do Amapá, João Capiberibe, do PSB, eliminou por lá, em 1995, as tais aposentadorias para governadores. É dele, também, a autoria da Lei da Transparência, que obriga a divulgação das contas públicas, em tempo real, na Internet. Mas é adversário de Sarney. Resultado: sua eleição para o Senado, em 2010, não valeu (nem a de sua mulher, Janete, para deputada federal). Ambos foram acusados de comprar dois votos por R$ 26,00 (vinte e seis reais), pagos em duas prestações, mais dois lanches. Baratinho, baratinho. Ainda mais considerando-se que o fato não aconteceu: um dos autores da denúncia admitiu ter comprado testemunhas para prejudicá-los. Mesmo assim, ambos continuam fora do Congresso.

O amigo que mencionei no início desse texto é Carlos Camilo Capiberibe, atual governador do Amapá, com quem estudei na PUC-Campinas nos anos 90, filho de João e Janete Capiberibe. Camilo estudava Ciências Sociais na UNICAMP, durante o dia e Direito na PUC, no período noturno. Costumava realizar um sarau de poesia com suas irmãs uma vez por semana em seu apartamento. Ouvi algumas das estórias de luta e resistência de sua família na região norte do país. Camilo e sua família, sei muito bem quem são; Sarney, em contrapartida, todos vocês sabem quem é. Um abraço!
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Obs.: Vem aí o PMB – Partido Militar Brasileiro, a sigla não está registrada mo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas já conta com estatuto e cerca de 5 mil pré-filiados nos 27 estados do País.


quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O círculo vicioso das eleições

Com a vitória de Dilma Roussef para a presidência da república do Brasil encerra-se mais uma espetaculosa campanha política, a qual desde 1989, não era tão disputada e rasteira. Após breves conjeturas, seria a hora de reflexões, esperanças e merecido descanso do cidadão, extenuado pelo massacrante noticiário eleitoral. Primeira mulher a presidir o país; segunda política brasileira a ganhar a presidência do Brasil sem nunca ter disputado uma eleição anteriormente; fenomenal transferência de votos do presidente Lula a uma tecnocrata competente, mas desconhecida; receio inevitável ao imaginar o astuto e insípido Michel Temer vice-presidente e a avidez de seu partido (PMDB) por cargos e poder, etc. Nada diferente do que seria se o outro candidato tivesse ganhado a disputa (com o agravante de que seu partido possa de "vestais do cenário político", inclusive com a obsoleta cafajestagem de utilizar religião em assuntos laicos"). Porém, preocupa a impossibilidade da reflexão tão necessária e fundamental para a evolução dos principais interessados nesse acontecimento democrático: nós, o povo. Ocorre algo parecido com a diferença entre o cinema e a televisão. Ao terminar um bom filme no cinema o próprio "apagar das luzes" nos remete a reflexão, remoem-se as mensagens num saudável exercício evolutivo. Em contrapartida, mesmo assistindo a algo profundo na televisão, com o seu término, o processo de ponderação é interrompido abruptamente por uma nova atração. Partindo do disposto no parágrafo único do primeiro artigo da Constituição Federal, o qual diz que: "todo o poder emana do povo...", abordemos os direitos sociais previstos e tutelados por aquela carta (direito à educação; saúde; trabalho; moradia; lazer; segurança; previdência social; proteção à maternidade e infância, e a assistência aos desamparados), e vamos ao debate, às proposições, às cobranças, e brademos: estamos aqui! Por que assumirmos a posição de meros coadjuvantes nos processos eleitorais, meros expectadores do show de marketing político. Ao contrário disso, somos bombardeados imediatamente ao pleito por uma nova campanha. Toda a imprensa dedicou quase que exclusivamente seu espaço à biografia da futura presidente e as manobras que já se iniciaram visando as próximas eleições. E o objetivo principal disso tudo que seria nossa evolução social, e os meios de alcançá-la? A campanha para as prefeituras em 2012 já está à todo vapor: Netinho de Paula se lança candidato e força Luiza Erundina a lançar-se também. José Aníbal antecipa-se ao "cadáver insepulto" José Serra e diz que disputará a convenção do PSDB. E, para 2014 Aécio Neves (com sua raquítica biografia nem de longe comparável a de seu avô Tancredo Neves) sai fortalecido como candidato; Beto Richa assanha-se; Alckmin não convence nem o mais incauto dos cidadãos com o aceno positivo às costas de Serra, ao ouvi-lo dizer que a briga está apenas no começo. E estamos envolvidos novamente em disputas eleitorais, relegando o sentido disso tudo à segundo plano. Basta, quero sinceramente sentir a política no meu cotidiano e não apenas o subproduto que ela infelizmente produz. Um abraço!     

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Eleições 2010


As eleições em solo brasileiro, regulam historicamente com o próprio surgimento do país. Segundo especialistas no assunto, o livre exercício do voto surgiu em terras brasileiras com os primeiros núcleos de povoadores, logo depois da chegada dos colonizadores. Foi o resultado da tradição portuguesa de eleger os administradores dos povoados sob domínio luso. Os colonizadores portugueses, mal pisavam a nova terra descoberta, e passavam logo a realizar votações para eleger os que iriam governar as vilas e cidades que fundavam. Portanto, são aproximadamente 500 anos de sufrágios de toda natureza, e falar sobre conjeturas, estratégias, projeções, seria "chover no molhado". Prefiro dar minha contribuição de forma muito pessoal, dizendo como sinto esse último pleito eleitoral. Lembro-me quando criança, de colecionar santinhos em dia de eleições, e tenho gravado em minha memória as siglas ARENA e MDB, o que só viria entender o que significavam tempos depois. Sentir política de verdade, somente com a abertura política e o fim do bi-partidarismo, e conseqüentemente, com o surgimento de diversas agremiações políticas. O encantamento de menino com pouco mais de dez anos se deu – talvez por um espírito precocemente revolucionário – com a criação do Partido dos Trabalhadores, com seus primeiros filiados advindos do sindicalismo, da intelectualidade, das artes, etc. Durante muitos anos o PT representou tudo o que havia de isento e contestador na política brasileira, e sua militância era quase um sacerdócio. Recordo-me das primeiras conquistas eleitorais, como a prefeitura de Fortaleza/CE e de São Paulo/SP, e também dos primeiros problemas. Senti na pele todos os preconceitos por levantar a bandeira de um partido político, cujo principal líder era um trabalhador não alfabetizado. O alento vinha das dezenas de intelectuais de primeira grandeza, que de certa forma davam sustentação à causa e hierarquicamente se subordinavam ao tal líder. Mais tarde, em 1988, já com pequena noção política, assisti ao surgimento do PSDB, dissidência "das cabeças pensantes" e intelectualidade do PMDB, e seu imediato posicionamento "em cima do muro"; não corriam riscos desnecessários e flutuavam em sua cômoda posição de centro esquerda. Poucos anos depois, ingressei no serviço público paulista no início do monopólio do PSDB no estado de São Paulo, e apesar de muita admiração pelo único tucano – que para mim – não tinha alma social democrata (Mário Covas), senti a infelicidade de estar subordinado aos "vestais de fachada" e seus discursos suaves e atitudes desleais. A identificação com o PT se dava principalmente pela convivência quase pacífica de várias tendências conflitantes, co-existindo pacificamente dentro da mesma agremiação política. E tudo era "à flor da pele", às claras, às vezes vazando seus embates ingenuamente para a imprensa. Combatíamos ferozmente a tendência "Articulação", de onde vieram José Dirceu e outros "à direita" do partido; porém, nos respeitávamos. Nunca me envolvi burocraticamente com o partido, mas sempre compartilhava de seus rumos e ideais. Até o seu final, após à chegada ao poder nacional, com o "Lulismo" substituindo o "Petismo". Esclareço que não me tornei um anti-petista, e não fui enganado pelo engodo de atribuir o início da corrupção do Brasil ao tal "mensalão", essa prática sempre existiu e continua existindo em todas as esferas públicas. Como eram inexperientes e tolos, os petistas apontados pelo "mensalão" foram execrados por continuar uma atividade que existia desde o império. Ao longo de sua história, o PT foi se profissionalizando e tornando-se mais parecido com os outro partidos, preparando-se para uma eventual tomada do poder, e conseqüentemente, perdendo seus integrantes mais ilustres, relegados a pecha de utópicos e apeados da caminhada rumo ao objetivo inicial. E, quando José Dirceu finalmente profissionalizou o PT, cacifando-o à tomada de poder, abriu uma mácula na história petista, a qual insiste em não cicatrizar, fazendo dissidentes e ressentidos, os quais fazem muita falta. Mesmo com essa opção equivocada que o partido tenha tomado, não critico e nem perco totalmente a admiração, ignorando sua história, afinal, foi uma opção, que de certa forma funcionou para chegar ao poder, nada diferente do que os outros fizeram. Não comungo com essas práticas, mas não sou ingênuo nem hipócrita para dizer que isso não ocorre diariamente, guardada as devidas proporções, na vida de todo brasileiro. Porém, o partido perde muito de sua história, atentem-se para o número de candidatos ex-petistas concorrendo ao cargo de Presidente da República: Marina Silva (fundadora do PT); Plínio (fundador do PT); Zé Maria (fundador do PT); e ironicamente, o partido sustentando a candidatura de uma histórica integrante do PDT (Dilma).

Talvez por isso tudo, que eu tenha sentido um frescor reconfortante em ver a candidatura de Marina Silva, e sua ideologia sustentável. Um inevitável receio inicial em ver acontecer tudo de novo (até a escolha de um empresário bem sucedido para vice) se desfaz com suas palavras firmes e o mesmo preparo para chegar ao topo. Talvez por ter feito parte do time que chegou ao poder, mas não compartilhou com suas praticas espúrias, tendo encontrado outro caminho. Lamento apenas (relembrando dos bons amigos dos tempos de militância) que ela tenha deixado o partido, sem lutar pela sua reconstituição inicial. Mas, tenho muito prazer em rever o surgimento de uma liderança quase paradoxal, com um revigorante objetivo metódico-selvagem (na acepção mais pura da palavra) para uma iminente chegada ao poder.

Mal comparando, comecei a ouvir a banda Titãs ainda pré-adolescente e senti toda a sua pureza e vigor. Ao longo do tempo a banda foi perdendo seus integrantes mais importantes, e bandeando-se para o Pop. Até hoje acompanho a banda, e sinto sua trajetória atrelada a minha própria, com aprendizados, erros, perdas, frustrações e adaptações. Contudo, a banda permanece – agora com sua nova identidade – natural para esse mundo de expiações. Ao contrário de muitos fãs iniciais, procuro acompanhar os novos lançamentos e rumos dos remanescentes titãs, para compreender e aceitar minha própria sorte e trajetória; mas, diante das acomodações da vida, extravaso no bom e sempre contestador punk rock irredutível. Um abraço.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Fé!


Haiti, antes do terremoto

... no líder carismático que conduzirá;
... no conhecimento adquirido prá sobrepujar;
... no Deus que não existe, mas ajudará;
... na força física passageira que exigirá;


... no pedido prá não sofrer;
... na crença de não desanimar;
... na comida que não pode faltar;
... no remédio pra remediar;
... na cura que vai chegar;
... na montanha que se moverá;
... prá gente poder passar;
... na nossa or(ação) que nos acorrentará,
... na in(ação) companheira que apascentará,



... no redentor cogumelo de poeira e de sujeira, que surgirá,
... da hecatombe! que redimirá!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

PEC dos vereadores


(suplente de vereador reza durante votação da PEC)


Este homem da fota acima, vestido formalmente, em posição cristã-ocidental, instropectivo em seu agradecimento, estampando uma alegria incontida, é um suplente de vereador de uma comarca qualquer. Encontra-se na ocasião em pleno Congresso Nacional, e sua indisfarçável euforia explica-se pela aprovação da impopular "PEC (projeto de emenda constitucional, instrumento pelo qual altera-se a Constituição do Brasil em assuntos não classificados como cláusulas pétreas, imutáveis) dos vereadores". Pressume-se que sempre que a carta magna de um país for alterada; modificada; mexida ou habilmente violada - o que deveria ocorrer raramente - fosse em explícito, comprovado e irrefutável benefício da sociedade, e, em consequência, do cidadão comum. Evidentemente, não é  caso desse arranjo amparado em crescimento demográfico, o qual catastroficamente irá onerar os cofres públicos já tão usurpados. Muitas cidades brasileiras irão "ganhar" novos vereadores com tal aprovação. Hipócritas oportunistas vão dizer frente aos holofotes, que o número atual de vereadores, primeiros representantes em contato direto com a "epiderme social", é insuficiente para atender às necessidades dos citadinos. Puro engodo travestido de civilidade! A felicidade desse futuro edil aí da fotografia só se explicaria por um dos  dois supostos motivos: um irremediável êxtase em imaginar os projetos de lei que irá propor em plenário, quando empossado para um cargo que preparou-se muito para exercer abnegadamente em prol de uma parcela de sua comunidade, a qual irá "sentir-se" representada nos próximos anos; ou, uma irresponsável comemoração ao vislumbrar o cargo bem remunerado, que agrega poder ao patrimônio pessoal e financeiro de quem o exerce, com verbas injustificáveis de representação e outras "cosas" impublicáveis. Infelismente, sabemos que eleição transformou-se em "loteria", onde os apostadores marcam seus bilhetes nas urnas já sabendo que irão perder. E oportunistas lançam-se inconsequentemente na aventura excitante , ávidos pelo dinheiro público, com raríssimas exceções. Somente na semana passada filiaram-se a partidos políticos os seguintes nomes: Romário (PSB), o qual declarou estar contente em ingressar no "PSDB"; o "BBB Cléber Bambam", que declarou que o que mais o desagrada em política é a lavagem de dinheiro, já que tem tanta gente precisando; Edmundo (PP); Maguila (PTB); Vampeta (PTB); Popó (PRB); o ator Anfré Gonçalves (PMN); o cantor Sérgio Reis (PR); o cantor uruguaio "Gaúcho da fronteira (PTB)... Ressalto que qualquer cidadão pode e deve (se tiver convicção, boa intenção e coerência) pleitear um cargo político, não pretendo discriminar ninguém, porém, de "boas intenções" maquiando devaneios imorais, já estamos saturados. A atuação do vereador nos dias de hoje é deveras limitada, tanto pela parca matéria sobre a qual é permitido legislar; quanto pelos interesses escusos da maioria. Os Prefeitos, condutores vorazes da "máquina pública", encontram pouquíssima resistência em aprovar seus projetos. Com a "chave" dos cofres públicos nas mãos, formam bases de apoio enormes e desmontam as inconsistentes "oposições", com maneiras - digamos - misteriosas. De certa forma, trata-se da reedição do bi-partidarismo no Brasil, com a base aliada relembrando a antiga ARENA (o partido do sim); e a cambaleante oposição relembrando o MDB (o partido do sim, senhor!). Está difícil sentir a política nos dias atuais, até mesmo por parte dos partidos mais isentos. Um exemplo prático: O Psol - partido que respeito, mas não simpatizo - elegeu uma vereadora combativa e intelectualmente preparada nas eleições de 2004, a qual dentre incontáveis lugares, fez campanha em uma área periférica aqui da cidade de Campinas/SP. A grande maioria das casas em áreas pobres não possui documentação regular, escritura registrada, etc, quando muito, guardam registros de negócios feitos em cartórios impróprios, acreditando ter a posse de documento definitivo e legal. Um pequeno grupo dessa área de favela visitada pela candidata, relatou-me que procurou pela citada vereadora após sua eleição, mas conseguiu falar somente com seu educado assessor, o qual deu explicações plausíveis sobre a "incompetência" para poder solucionar o caso, o qual não era de sua alçada. Indignado, um dos moradoes esbravejou enquanto me relatava o fato: "a vereadora tomou café na minha casa na campanha, e agora não resolve nosso caso". Essas pessoas estão cansadas de explicações, querem ações, e que alguém lhes apontem o caminho e saiba mais sobre suas reais necessidades, além de meras formalidades e discursos vãos. Coincidência ou não, a vereadora não se reelegeu nas eleições seguintes. Um abraço!
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Dia desses, caminhava com a companheira por um Shopping Center de Campinas, quando lembramos da necessidade dela adquirir um compasso para o estudo da Geometria. Dirigimo-nos às papelarias existentes no próprio shopping, para realizar a aquisição. Surpreendentemente, pelo menos para mim, nenhuma delas vendia tal utensílio. Patrícia apelou então para um esquadro, o qual a auxiliaria igualmente na tarefa. Em vão. Transferidor então, nem ouviram falar. Nas paredes das "papelarias" (inclusive uma grande rede) badulaques, futilidades, pequenos minos... Sorte de Gilberto Gil que cantou: "a Bahia já me deu, graças à Deus, régua e compasso..."         

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Sobre dores e amores!



... Algumas pessoas que passaram em minha vida - de importâncias e em circunstâncias diferentes - eram unânimes em ressaltar uma pseudo qualidade: a facilidade em traduzir a vida, essa mesma, pessoal e cotidiana; desvelando tabus familiares; cauterizando feridas; aplacando mágoas indeléveis; explicitando a dor alheia; pontuando "pontos de vista" conflitantes, os quais alicerçam razões equivocadas que acreditamos ter. E, por essas "verdades absolutas", de que nos julgamos portadores, despendemos toda nossa força para sustentá-las, persistindo inconscientemente no erro, perpetuando a malquerença. O poeta indagou em uma de suas canções: "prá onde vai o amor, quando o amor acaba?" E respondeu complacentemente em outra composição: "...amores serão sempre amáveis!" Isso leva-nos a crer na consciência derradeira, em um sentimento superior e final, que - mesmo após fúrias, revanches, insanidades - poupará a consequência inocente do irresponsável ato de nos relacionarmos. Ressalto também, que apesar de outra expressão ser muito usada pelos poetas, a desprezo completamente. O (para mim) paradoxal clichê: "o amor e o ódio se irmanam". O ódio é excludente, frágil, egoísta, covarde e induz ao erro, e quase sempre, atinge somente quem o emana, particularmente, o ignoro! A dor que sinto, cortante, lenta e cotidiana, é a dor que divido com João Caetano. A mesma dor que atinge João Pedro. A que alcança Maria Clara e seu irmão com nome de poeta, o qual nem conheço. A dor que encontra amparo e se estanca nos frágeis ombros de Heitor, que nem sabe que carrega esse nome forte prá suportar e dividir com seu pai - mesmo inconscientemente - tudo o que a vida insiste em machucar lancinantemente, portando-se bravamente, citando o nome de seus irmãos, como se convivesse com os mesmos. Mas, quem irá traduzir a vida e "trazer à luz", espíritos opacos e obscurecidos. O poeta também disse: "... a dor da gente não sai no jornal". Um abraço!
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Patrícia, se eu não te amasse tanto assim, talvez perdesse o sonho dentro de mim, e vivesse na escuridão...  Obrigado!