terça-feira, 29 de setembro de 2009
PEC dos vereadores
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Sobre dores e amores!
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Política, para mim!
...tenho grande temor quando vejo a maioria da população jovem do Brasil, ignorando e negligenciando a política, individualizando egoisticamente sua conduta, alienando-se em entretenimentos vazios, assistindo a tudo sem postura crítica, acostumando-se a escândalos e malversação do bem público, com lamentável apatia. Realmente não compreendo quando pessoas descrevem seu perfil no site de relacionamentos "Orkut", no item que questiona sua participação política, assinalando a opção "apolítico" (como se isso fosse possível), orgulhando-se e procurando eximir-se de qualquer culpa pelo mal andamento de nosso país. Admito que é muito difícil não desanimar e capitular frente a tantas más notícias, discursos demagógicos, práticas escusas. Nunca os políticos se pareceram tanto, e é raro destacar matizes que fujam do cinza dos nossos representantes em todas as instâncias. O ateniense Péricles discursou com orgulho aos seus concidadãos, após a guerra do Peloponeso: "Nós somos o único povo a pensar que um homem alheio à vida política, não deve ser considerado como um cidadão tranqüilo, mas como um cidadão inútil".
Escrevi as palavras acima, neste mesmo espaço, em fevereiro de 2008, em um texto intitulado "Política, prá que"? Apoio-me nelas para tentar justificar a recusa em não rabiscar sequer palavra sobre Sarney , crise das casas legislativas, etc... Agradeço aos elogios que chegaram em meu e-mail, agregados à pedidos de pronúncia sobre o tema acima citado. "Sapecar tinta" - expressão usada por um jornalista amigo - e escrever sobre o tema, parece-me redundante no momento. Seria apenas mais um a apontar o óbvio da roubalheira generalizada e herança colonial de usurpação do público pelo privado. Sinto-me mais útil tentando "sentir a política", não esmorrecer e não aliar-me a argumentos ingênuos e irresponsáveis sobre fechamento de casas legislativas, volta de ditaduras e outros desvarios. Prefiro, sinceramente, discutir em nível não especializado e relatar o que percebo como cidadão comum sobre política partidária, partindo de minhas próprias impressões e experiências pessoais. Tento responder para mim, os questionamentos que me chegam, tais como: o que vale à pena em política hoje em dia, para que serve eleições... Possuo um passado de fidelidade às minhas convicções políticas, sempre apoiei, debati e votei no mesmo partido político. Nunca lancei mão do "voto útil" mesmo para evitar que um mal caráter qualquer ganhasse alguma eleição. Mas sinto-me como o amigo, no belíssimo texto publicado por Roberto Barbato Jr., "Homem não chora", em seu blog "Lápis Impreciso":
Lembro-me de ter lido, no início da década de 1990, a entrevista de um jornalista que estava prestes a assumir um cargo público em São Paulo. Seu pai, àquela época já falecido, foi um comunista bastante ativo. Costumava dizer aos filhos (um dos quais, filósofo marxista) que quando alguma coisa estivesse errada, seria preciso olhar em direção ao Kremlin. Um dia, o jornalista resolveu romper com o comunismo. Abandonara as convicções que sempre deram sentido à vida do pai. Ideologicamente, distanciou-se dele e do irmão. Na entrevista, o tal jornalista contou que tivera um sonho bastante significativo a respeito de seu rompimento com as tendências de esquerda: num quarto branco, sóbrio, sem cores, ele levantava o pai pelo colarinho e gritava:- Você me enganou! Você me enganou!O pai, provavelmente ciente de que escolhemos ideologias por afinidades e devemos recusá-las quando desejamos, apenas respondeu:- Homem não chora! Homem não chora! Hoje, quando olho para trás, relembro minhas opções políticas sem arrependimento. Mas, quando vejo que os representantes que ajudei a eleger servem para perpetuar o que há de mais atrasado na política brasileira e ainda reivindicam o monopólio da moralidade pública, confesso que tenho vontade de chorar. É nessas horas que lembro da lição do velho comunista: homem não chora!
Acho esse texto elucidativo o bastante, o que dispensa maiores explicações. Então, voltemos para o que se tornou a política atual depois do fim das ideologias, dos partidos políticos independentes, da fidelidade partidária sem ameaça judicial, das discussões escrupulosas e utópicas, das formações de careteres juvenis, etc. Percebo a política atual como mera troca de interesses escusos; más intenções; aplicação de meios injustificáveis e inaceitáveis para atingir fins, deixando um rastro de sujeira no meio do caminho. Tudo foi nivelado pelo mais rasteiro patamar, dos representantes públicos ao eleitorado. A sensação que posso compartilhar é a de que tudo se individualizou, os membros de nossa comunidade buscam uma recompensa pessoal para cada ato. A contrapartida que cada um exige para qualquer atitude que transpasse os limites de sua residência é egoísta e limitada, uma sociedade de consumo que perdeu o freio e desce ladeira abaixo rumo ao interesse escuso. Nas últimas eleições municipais fui procurado por uma candidata à vereadora que - incensando meu conhecimento político - pediu o meu apoio em sua campanha. Não me fiz de rogado e firmei uma permuta, à moda da política moderna, e pedi subsídios para um projeto social que almejo realizar há tempos, em troca do tal apoio. Andei por todos os bairros da cidade de Campinas, e a experiência foi enriquecedora. Conversei com pessoas de todos os níveis por cerca de quatro meses e atesto que a visão política atual individualizada é desconhecida do público em geral. As pessoas não têm convicções claras de representação política e não se sentem representadas de fato por ninguém. Votam por pequenos mimos; por escracho; para ver alguém pobre e humilde prosperar; por se enganar quanto à trajetória e caráter de postulantes que o marketing político encobre habilmente; por culto à pseudo celebridades; e raramente, por certeza da representação satisfatória. Porém, apesar desses equívocos o povo permanece sábio, e no fim das quase infindáveis e gratificantes conversas eu ouvia o insofismável argumento de que qualquer um que caísse no "ninho de serpentes" das casas legislativas, não teriam força para mudar sozinhos o status quo. Poderia ficar por horas relatando experiências sobre essa empreitada e constatando que, no "acomodar das abóboras" o povo está cansado de engodos, e desgastado demais com tanta decepção. Contudo, particularmente, continuo persistindo, acreditando no imponderável, aliando utopia com coisas concretas, buscando o equilíbrio de forças. Há alguns dias, uma favela da zona sul paulistana foi desapropriada e as famílias foram literalmente jogadas ao relento. O escritor Ferréz iniciou uma luta inglória para viabilizar alento àquelas pessoas (o que pode ser melhor relatado em seu blog, "linkado" aí ao lado), e, buscando todo tipo de ajuda possível, telefonou para o senador Eduardo Suplicy, o qual chegou ao local em 40 minutos, dirigindo um veículo FIAT/DOBLÔ, fazendo os desalojados "sentirem" a política da forma como sinto atualmente. Da única forma que interessa e vale à pena, "lutando contra o Leviatâ", e levando conforto a quem precisa. O resto é desprezível e vil, como todo mundo já conhece. Um abraço!