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sábado, 5 de janeiro de 2008

Ano novo, velhas hipocrisias!

Com a chegada de um novo ano, renovam-se as esperanças, e ficamos ávidos por novidades boas, que possam melhorar nossas vidas. Porém, se o veículo de comunicação e formação de nossas opiniões continuar sendo a imprensa e "meia dúzia" de "mantenedores do status quo", estamos perdidos! É lamentável e desestimulante acompanhar o noticiário dos primeiros dias do ano, e aos comentários dos especialistas de plantão. Destaco cinco notícias que foram exaustivamente discutidas, como o que de mais importante estaria acontecendo no momento, e suas requentadas análises: a sucessão presidencial americana; diversos casos de "balas perdidas" pelo Brasil; pop star americana sendo internada à força e perdendo o direito de ver os filhos; início do mais popular reality show da televisão brasileira e; finalmente, manifestações quase uníssonas contra a saída provisória dos presos no Natal e Ano Novo. Algumas considerações:
I - Um historiador diz em um telejornal que a vitória de Barack Obama na prévia do partido Democrata representa uma virada de página na história política americana. Só se for virar a página para o próximo capítulo da mesma estória! A diferença entre Republicanos e Democratas no cenário político americano significa exatamente alguns conservadorismos a mais por parte dos primeiros, não fazendo dos segundos radicais de esquerda que pretendem mudar a história de injustiça mundial. Surpreender-se por um negro americano sair na frente da prévia de seu partido para disputar pela primeira vez uma eleição presidencial, é no mínimo ingenuidade. Em justa medida, no sentido pejorativo mesmo, Barack Obama é tão branco quanto Hilary Clinton. Independente de quem ganhe as eleições americanas, a mais bélica das nações continuará a ser intervencionista, imperialista e a desrespeitar as soberanias dos demais países.
II - Reportar os casos de violência extrema como "balas perdidas" parece que basta para os jornais e televisões, como que classificando-se crimes diferentes, cometidos em situações diferentes, e em pontos diferentes do país, como uma linha de produção de fatalidades, amenizasse o problema. Nenhuma projeção, análise, estudo de causa foram considerados em relação aos fatos isoladamente. Dá-se a impressão que temos que aceitar a violência corriqueiramente, como parte de nossas vidas, sem dissecarmos nossa parcela de culpa e falta de iniciativa para revertermos o quadro. Basta esperar o rótulo: "bala perdida"; "chacina"; "assalto", e elegermos um culpado: "polícia"; "governo"; "bandidos"; "menores infratores". A má distribuição de renda; a educação negligenciada; a sociedade cegamente consumista; a avareza; a usura; a ausência de solidariedade, passam a ser detalhes. O que foi feito de efetivo no ano que passou para mudar a desigualdade social, principal causa da violência. A "bala que se perdeu" em Belo Horizonte; Porto Alegre; litoral paulista; etc., não se perdeu de forma padronizada, mas, certamente, direcionada por um dos motivos acima elencados, e pelos órgãos de imprensa ignorados.
III - A "pop star" americana Britney Spears, que iniciou sua carreira como diva angelical da cena musical internacional rendeu cifras vultosas para os profissionais do show bussiness, para a imprensa fútil que acompanha a vida de "celebridades", para a indústria do falso glamour, em sua fase recatada. Quandom rebelou-se, agregando um pouco mais de atitude em sua personalidade, até beijando a cantora Madonna em público, faturou ainda mais aos cofres dos sanguessugas acima relacionados; e agora, no seu melancólico declínio como dependente química, viciada, desorientada e abandonada, continua a proporcionar gordas remunerações com a cobertura de seus escândalos. É patético e revoltante ver uma moça que necessita de tratamento, independente das baboseiras que cante ou de suas infelizes escolhas, ser exposta, execrada e pré-julgada pela mídia de banalidades. Como um produto descartável, que será sugado até sua extinção, sem causar a indignação dos inertes expectadores.
IV - O "espetáculo da vida real", que confina alguns jovens bem apessoados, numa competição para averiguar quem pode ser mais evasivo, fútil, hipócrita e dissimulado; de realidade não tem nada. A começar pela seleção dos candidatos. Os que se atrevem a expor-se, mostrando a face pobre, inculta, feia e equivocada do Brasil verdadeiro, bem como o nível de educação e cultura em que nos encontramos, são ridicularizados nos programas "Fantástico" e "Vídeo-Show" da Rede Globo, como aloprados que foram desclassificados e reconduzidos ao show de horrores que é suas próprias vidas. Os selecionados para a "real" competição, parecem recém-saídos de mini-séries americanas, com corpos modelados e caráter deformado, compondo uma nova leva de canastrões que serão aproveitados na sofrível programação da televisão, em revistas masculinas e eventos alienantes. A dúvida que persiste é onde o cidadão médio da população se vê naquele simulacro de vida real.
V - O estado de São Paulo - unidade federativa que mais prende, condena e encarcera do país - possui atualmente uma legião de aproximadamente 144.000 penitentes nos seus calabouços. Nos últimos seis anos (segundo fonte da agência Estado), a população carcerária do estado quase que dobrou, o que equivale a quase 800 presos por mês, ou a 1 detento por hora. Prá quê? Na teoria, um infrator deve ser julgado, e se condenado, cumprir sua condenação em regime de progressão de sua pena, ou seja, conforme vai sendo reeducado pelo estado, vai resgatando sua cidadania, passando do regime fechado, para o semi-aberto, e, consequentemente para o aberto. Na prática, nada disso pode ser levado em consideração. O condenado passa por um período de expiação do seu corpo e de sua mente, perde a noção de civilidade, passando a sobreviver em um micro-cosmo totalmente diverso de nossa sociedade regular, e sente a "vingança pública" travestida de ressocialização diariamente. Quando o estado decreta que o preso que tenha cumprido um 1/6 de sua pena, encontra-se no regime semi-aberto, e com bom comportamento - em tese tendo progredido - poderá sair provisioriamente da prisão e passar algumas datas importantes com seus familiares; a opinião pública entra em polvorosa. Para variar, apenas reportando casos isolados, sem discussão aprofundada. Ressalte-se, que essa saída ainda depende da análise dos órgãos públicos (prerrogativa da justiça), a qual deverá saber quem está preparado ou não para a reinserção social gradativa. Pois bem, vamos decidir corajosamente nossa posição: somos vingadores ou acreditamos na recuperação de quem supostamente delinquiu? Vamos optar por um lado e deixar cair o pano; e, é claro, assumirmos toda a responsabilidade pela involução de nossa existência!
Obs.: Neste último Natal, 17.968 presos com direito à saída provisória receberam esse benefício, sendo que 1.143 não voltaram para as prisões (144 unidades) do estado de São Paulo, o que equivale a 6,36% dos detentos, o mais baixo índice desde 2.002. (fonte Jovem Pan/UOL).
De fato, o ano se inicia com a impressão de que o ano anterior não acabou, e a luta pela sobrevivência vai sendo travada, sem sentirmos as "verdades" que - segundo a grande imprensa - mudarão as nossas vidas. "Feliz Ano Novo", ou melhor, "Feliz Ânimo Novo". Não esmorreçam, um abraço!

7 comentários:

Anônimo disse...

Você tem toda razão Djalma esse cenário de unanimidade midiática dentro e fora do Brasil é desolador.

Anônimo disse...

Parabéns voltou com tudo!

Anônimo disse...

Salve Jão!
ce deve manjar da quebrada mesmo estando do lado de lá. Difícil confiar, pagar pau. Firmeza!

Anônimo disse...

As pessoas não querem riscos:manicômios; as pessoas não querem dor: analgésicos; as pessoas não querem violência: penitenciárias; as pessoas não querem se sujar: polícia; as pessoas querem ser felizes: Televisão!

Anônimo disse...

Congratulações Djalma vc realmente sabe "dar a outra face"em tudo!

Anônimo disse...

Seus textos são um primor Djalma.
Aproveito para agradecer a resposta à minha indagação.
E como vc vê o caso do assassinato da Benazir Butto?
Abraços

Anônimo disse...

Aí na moral porque que esse Obama num é preto? Na real não entendi mano?