Segundo historiadores, o "Carnaval" é uma festa regida pelo ano lunar, tem suas origens na antiguidade, começava no "Dia de Reis", e acabava na "Quarta-Feira de Cinzas", às vésperas da "Quaresma". O período era marcado pelo "adeus à carne" ou "carne nada", dando origem ao termo carnaval. Por sua vez, o "Dia de Reis", segundo a tradição cristã, seria aquele em que Jesus Cristo (recém nascido), recebera a visita de uns reis magos, e que ocorrera no dia 6 de janeiro. Os festejos realizados nesse dia ficaram conhecidos como "Folia de Reis". Por sua parte, a "Quarta-Feira de Cinzas", é o primeiro dia da "Quaresma", no calendário cristão ocidental. As cinzas que os católicos recebem neste dia é um símbolo para a reflexão sobre o dever da conversão, da mudança de vida, recordando a passagem transitória, e efêmera fragilidade da vida humana. A "Quaresma" é o tempo litúrgico de conversão que a tradição cristã marca para preparar os crentes para a grande festa da "Páscoa". Durante esse período, os fiéis são convidados para um tempo de penitência e meditação. Finalmente, a "Páscoa" - termo hebraico que significa "passagem" - é um evento cristão que celebra a ressurreição de Jesus Cristo (vitória sobre a morte), depois de sua crucificação.
Independente da origem das festas e datas religiosas; da crença ou não em Deus; da escolha para qual facção religiosa o "temente" doará seu dízimo; o que importa é que a convenção cultural existe, mesmo que totalmente descaracterizada. O sentido dos eventos co-relacionados foram deturpados para a maioria da população, e a grande festa do carnaval brasileiro, reconhecido mundialmente, transformou-se numa sórdida "folia de reis" às avessas: rei do jogo-do-bicho, rei do tráfico de drogas, rei da demagogia com dinheiro público, rainha da bateria fazendo curso para aprender a sambar, reis de vendas de abadás para acompanhar trios-elétricos... No país inteiro, prefeituras preocupadas com o ano eleitoral, subsidiam o carnaval com repasses de verbas para a realização do evento sem prestar contas a ninguém. Se tomarmos o exemplo do maior carnaval do país, o da cidade do Rio de Janeiro, constataremos o equívoco oportunista. As grandes escolas de samba daquela cidade, sempre foram patrocinadas pela contravenção do jogo-do-bicho; pelo dinheiro do tráfico de drogas; pela venda de enredos, espaços e fantasias para pessoas de fora de suas comunidades e pela liberação de verba pública pelo município e pelo estado. Este ano, a imprensa noticiou que - para a realizaçao da festa - a prefeitura do Rio de Janeiro liberou R$ 9.000.000,00 (nove milhões); o governo do estado do Rio de Janeiro R$ 4.000.000,00 (quatro milhões) e a estatal Petrobrás R$ 6.000.000,00 (seis milhões), sendo que todo esse dinheiro será gerenciado e distribuído pela LIESA (Liga Independente das escolas de samba), historicamente dirigida pelos "patronos" das escolas de samba (banqueiros do jogo-do-bicho, e mais recentemente, traficantes de drogas), cujo último presidente (bicheiro) foi preso pela Polícia Federal no ano passado. Inocências e hipocrisias à parte, esses criminosos se estabeleceram justamente onde o Estado é ausente e onde a população carente é totalmente desassistida. Impulseram seu império de contravenção e tráfico de drogas pela força e pelo terror; bancados pela corrupção e omissão dos órgãos públicos; patrocinados inicialmente pelo folclore do bandido provedor e assistente dos pobres, e agora exclusivamente pela coação e desespero dos moradores cada vez mais abandonados à sorte. E, por sobre esse cinza das áreas pobres e sem assistência básica (previsto na Constituição Federal como obrigação estatal), juntam-se os delinquentes que oprimem e corrompem o marginalizado, com os chefes-dos-executivos omissos e demagogos, nessa festa colorida e deturpada. Resta-nos observarmos o sentido da quarta-feira (simbolicamente recebermos as cinzas para a reflexão e mudança de vida), e não aceitarmos passivamente essa "estranha e velada associação" entre partes que deveriam combater-se e repelirem-se, para o bem público. Nada contra a festa, desde que a folia seja em forma de catarse de pessoas que pretendem expurgar alegremente as agruras do ano todo. De forma saudável, não subsidiada, diversa dessa estabelecida "para gringo ver", alimentando o turismo sexual e denegrindo a imagem do país no exterior, como terra do "samba do crioulo doido".
"Se você mentalizasse na folia, sabe lá se não seria a solução prá de manhã pensar melhor..." (Osvaldo Montenegro). Um abraço!
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Mara: Faço uma analogia sobre o meu aprendizado referente à sociedade, e a forma de como o Nelson Rodrigues dizia ter aprendido sobre sexualidade: "aprendi pelo buraco da fechadura".
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Róbson: obrigado pela orientação
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Carlos: obrigado pelas dicas e pela preocupação, é pancada de todos os lados amigo!
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Camila: sua amiga leu o post?
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Larissa: fico lisonjeado com as suas palavras, obrigado.
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Célia: bom poder contar com você e com suas observações pertinentes, obrigado.
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Carla: emocionantes e esclarecedoras suas palavras. Fiquei realmente emocionado, obrigado.
5 comentários:
O carnaval está mesmo descaracterizado, bela analogia com as festas religiosas.
Rapaz esse blog deveria chamar "multifaces" tamanha a capacidade que vc tem de trafegar por multiplos assuntos. Muito bom...
Grande abraço!
Olá Djalma,
conheci seu bolg há algum tempo, é que nunca deixo comentário, mas hoje não deu pra fugir. Moro numa cidade considerada histórica e seu grande patrimônio são as festas religiosas (folclóricas) que sempre Vêm acompanhadas de festas pagãs.Amigo qdo vejo o povo daqui paparicando turista do lado de fora da festa isso me enoja amigo. Nada contra o turismo, se é que vc me entende, tudo contra essa segregação. Moro em São Lúis do Paraitinga.
Abraços
ô vida loca heim!Muito bom este, mas já tá na hora de post novo rsrsrs
AH! minha amiga é a Larissa
Valeu
Olá Djalma é a Célia é que não consegui digitar meu nome aí embaixo.
Só agora assisti "meu nome não é Jonny" e fquei intrgada com a questão dos manicômios juduciais. Eles são mesmo como monstra o filme? Ainda existem? Ocorre o mesmo que vc diz em relação aos presos comuns ou policiais, ou seja, o flagelo do corpo da mente, da dignidade, da família?
Abraços...
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