O satisfatório deste espaço é a interação entre pessoas de lugares diferentes, opiniões diversas, que enriquecem o debate, e revelam o grau de desenvolvimento cultural em que nos encontramos. Particularmente, tenho aprendido bastante, e recorro aos visitadores, para tentar dirimir as dúvidas que suscitaram com as notícias veiculadas nos principais noticiários nesta semana. Um levantamento da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo demonstrou o nível de aprendizado deprimente dos alunos da rede pública de ensino. Até aí, nada de novo. Diariamente, somos bombardeados com as notícias – que parecem requentadas – com a mesma informação e retórica: o contribuinte paga altos impostos, e não recebe a contrapartida que justificaria esse pagamento. Até quando vamos assistir matérias de filas em hospitais, atendimentos médicos negligentes, ensino deficitário, na forma do velho e desgastado discurso denunciativo. De certa forma, estamos nos acostumando a ver e ouvir esses absurdos passivamente, apenas exprimindo comentários vagos como: “esse país não tem jeito”, “isso é uma vergonha”, etc. As reportagens dos grandes órgãos de imprensa não induzem à reflexão, apenas “denunciam”, mostram-se “indignados”, e vendem vultosos anúncios publicitários. Então, vamos às nossas reflexões. Se nos preocupamos tanto com educação e saúde, se ficamos perplexos com as notícias que nos chegam, de total incompetência estatal para suprir essas duas necessidades básicas, isso no estado mais rico da união, com estabilidade administrativa (há treze anos o mesmo partido político – PSDB – governa o estado), por que aceitamos a raivosa grita contra a ilha de Cuba e seu comandante Fidel Castro, desferida no mesmo noticiário. Reiteradamente, todos os problemas e supostas chagas do modelo político adotado por aquela nação são jogados sem escalas em nossos lares. Cuba, invariavelmente, é apontada como a legítima representante do atraso da civilização atual. Vamos aos fatos. Os prédios e automóveis cubanos podem estar “caindo aos pedaços”, porém, não existem pessoas morando debaixo da ponte, e os indicadores sociais aproximam o país do primeiro mundo. Cuba ocupa e 50º. lugar no índice de desenvolvimento humano das Nações Unidas, muito à frente do Brasil. De cada mil crianças cubanas que nascem, 7 morrem antes de completar cinco anos; no Brasil 34 morrem antes dos cinco anos. Em 1997, a UNESCO realizou estudo sobre a avaliação da qualidade de ensino em doze países latino-americanos. Os cubanos, que só estudam em escolas públicas, gratuitas, obtiveram resultados bem superiores aos outros. O Estado Cubano prioriza a medicina preventiva, e é país exportador de diversos medicamentos, e figura entre os que mais produzem produtos contra câncer, inclusive vacinas. Em 1993, o governo dos Estados Unidos autorizou um laboratório de lá a fazer um acordo com Cuba para a fabricação de vacina nos EUA, abrindo uma exceção pela primeira vez na estória do embargo. Esses fatos, nunca foram veiculados pelas grandes empresas de imprensa, que insistem em denegrir a imagem da ilha. Ajudem-me a compreender, qual “atraso” pretendemos para a nossa sociedade? Devemos seguir o pensamento da tendenciosa (para ser educado) revista Veja, com sua capa com a fotografia do presidente cubano e a manchete: “Já vai tarde”? Afora o desrespeito à opção de um povo que alcançou o nível social acima mencionado, que moral temos para acompanhar esse discriminatório raciocínio. Temos o direito de optar por andar com nossos automóveis modernos, construirmos nossos prédios imponentes, pagar por um convênio médico particular (que deveria ser obrigação estatal, segundo nossa Constituição), convivermos com uma juventude semi-analfabeta, e ouvirmos o governador do estado-membro mais rico da nação dizer que planeja fazer uma “operação de emergência” no ensino de matemática das escolas estaduais, dizendo ainda que “não se ensina direito matemática” e seria necessário estudar uma revisão metodológica. Isso depois de treze anos de administração do seu partido em São Paulo. Ora Serra, “Por que não se cala?” Pode-se enganar muita gente, durante um bom tempo; mas não toda a gente, para sempre. Um dia, independente da sua vontade, as pessoas vão refletir sobre a verdade da imprensa, a verdade dos órgãos oficiais, e a verdade dos sobreviventes! Um abraço!
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O debate sobre a CPI do sistema carcerário foi sensacional, muito gratificante mesmo, que satisfação e orgulho de viver em uma democracia.
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Róbson, Carla, Márcia, Camila: É melancolia mesmo, misturada a indignação e cidadania, revanchismo nunca. Mas, graças a Deus tenho vocês e minha família. Obrigado.
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Márcia: Pois só peço a Deus um pouco de malandragem (e paciência)... Um abraço.
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Carlos: Obrigado pelas citações e pelo comentário pertinente e competente. Um abraço.
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Paulo: Não concordo com suas convicções, mas lutarei com todas as forças pelo seu direito de dizê-las, seja bem vindo. Um abraço.
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Luiz Carioca: Muita boa a definição do neo-liberalismo, “foi na veia”. Um abraço.
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Celina: Também custo a acreditar na baixeza do pensamento de alguns seres, mas eles estão aí, e pior: formando opiniões, e nos representando em algumas casas legislativas. Estamos juntos, um abraço.