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terça-feira, 29 de setembro de 2009

PEC dos vereadores


(suplente de vereador reza durante votação da PEC)


Este homem da fota acima, vestido formalmente, em posição cristã-ocidental, instropectivo em seu agradecimento, estampando uma alegria incontida, é um suplente de vereador de uma comarca qualquer. Encontra-se na ocasião em pleno Congresso Nacional, e sua indisfarçável euforia explica-se pela aprovação da impopular "PEC (projeto de emenda constitucional, instrumento pelo qual altera-se a Constituição do Brasil em assuntos não classificados como cláusulas pétreas, imutáveis) dos vereadores". Pressume-se que sempre que a carta magna de um país for alterada; modificada; mexida ou habilmente violada - o que deveria ocorrer raramente - fosse em explícito, comprovado e irrefutável benefício da sociedade, e, em consequência, do cidadão comum. Evidentemente, não é  caso desse arranjo amparado em crescimento demográfico, o qual catastroficamente irá onerar os cofres públicos já tão usurpados. Muitas cidades brasileiras irão "ganhar" novos vereadores com tal aprovação. Hipócritas oportunistas vão dizer frente aos holofotes, que o número atual de vereadores, primeiros representantes em contato direto com a "epiderme social", é insuficiente para atender às necessidades dos citadinos. Puro engodo travestido de civilidade! A felicidade desse futuro edil aí da fotografia só se explicaria por um dos  dois supostos motivos: um irremediável êxtase em imaginar os projetos de lei que irá propor em plenário, quando empossado para um cargo que preparou-se muito para exercer abnegadamente em prol de uma parcela de sua comunidade, a qual irá "sentir-se" representada nos próximos anos; ou, uma irresponsável comemoração ao vislumbrar o cargo bem remunerado, que agrega poder ao patrimônio pessoal e financeiro de quem o exerce, com verbas injustificáveis de representação e outras "cosas" impublicáveis. Infelismente, sabemos que eleição transformou-se em "loteria", onde os apostadores marcam seus bilhetes nas urnas já sabendo que irão perder. E oportunistas lançam-se inconsequentemente na aventura excitante , ávidos pelo dinheiro público, com raríssimas exceções. Somente na semana passada filiaram-se a partidos políticos os seguintes nomes: Romário (PSB), o qual declarou estar contente em ingressar no "PSDB"; o "BBB Cléber Bambam", que declarou que o que mais o desagrada em política é a lavagem de dinheiro, já que tem tanta gente precisando; Edmundo (PP); Maguila (PTB); Vampeta (PTB); Popó (PRB); o ator Anfré Gonçalves (PMN); o cantor Sérgio Reis (PR); o cantor uruguaio "Gaúcho da fronteira (PTB)... Ressalto que qualquer cidadão pode e deve (se tiver convicção, boa intenção e coerência) pleitear um cargo político, não pretendo discriminar ninguém, porém, de "boas intenções" maquiando devaneios imorais, já estamos saturados. A atuação do vereador nos dias de hoje é deveras limitada, tanto pela parca matéria sobre a qual é permitido legislar; quanto pelos interesses escusos da maioria. Os Prefeitos, condutores vorazes da "máquina pública", encontram pouquíssima resistência em aprovar seus projetos. Com a "chave" dos cofres públicos nas mãos, formam bases de apoio enormes e desmontam as inconsistentes "oposições", com maneiras - digamos - misteriosas. De certa forma, trata-se da reedição do bi-partidarismo no Brasil, com a base aliada relembrando a antiga ARENA (o partido do sim); e a cambaleante oposição relembrando o MDB (o partido do sim, senhor!). Está difícil sentir a política nos dias atuais, até mesmo por parte dos partidos mais isentos. Um exemplo prático: O Psol - partido que respeito, mas não simpatizo - elegeu uma vereadora combativa e intelectualmente preparada nas eleições de 2004, a qual dentre incontáveis lugares, fez campanha em uma área periférica aqui da cidade de Campinas/SP. A grande maioria das casas em áreas pobres não possui documentação regular, escritura registrada, etc, quando muito, guardam registros de negócios feitos em cartórios impróprios, acreditando ter a posse de documento definitivo e legal. Um pequeno grupo dessa área de favela visitada pela candidata, relatou-me que procurou pela citada vereadora após sua eleição, mas conseguiu falar somente com seu educado assessor, o qual deu explicações plausíveis sobre a "incompetência" para poder solucionar o caso, o qual não era de sua alçada. Indignado, um dos moradoes esbravejou enquanto me relatava o fato: "a vereadora tomou café na minha casa na campanha, e agora não resolve nosso caso". Essas pessoas estão cansadas de explicações, querem ações, e que alguém lhes apontem o caminho e saiba mais sobre suas reais necessidades, além de meras formalidades e discursos vãos. Coincidência ou não, a vereadora não se reelegeu nas eleições seguintes. Um abraço!
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Dia desses, caminhava com a companheira por um Shopping Center de Campinas, quando lembramos da necessidade dela adquirir um compasso para o estudo da Geometria. Dirigimo-nos às papelarias existentes no próprio shopping, para realizar a aquisição. Surpreendentemente, pelo menos para mim, nenhuma delas vendia tal utensílio. Patrícia apelou então para um esquadro, o qual a auxiliaria igualmente na tarefa. Em vão. Transferidor então, nem ouviram falar. Nas paredes das "papelarias" (inclusive uma grande rede) badulaques, futilidades, pequenos minos... Sorte de Gilberto Gil que cantou: "a Bahia já me deu, graças à Deus, régua e compasso..."         

6 comentários:

Leon disse...

Romário, Popó, Cleber Bambam é por esssas e outras que estou totalmente desacreditado da política, salve-se quem puder meu caro !

Carlos disse...

Saca a carinha dele sedenta, sedenta por propinas...
Tá difícil...

Mara disse...

E pensar que apenas 40% dos municípios brasileiros tem coleta de lixo (seletiva então nem pensar); muitos não tem tratamento de esgoto, água encanada e vereadores saindo pelo ladrão, ops!

DJALMA OLIVEIRA disse...

Leon, realmente é difícil não desacreditar, mas se capitularmos e nos omitirmos, eles tomam conta de vez, um abraço!

DJALMA OLIVEIRA disse...

Carlos, é incrível como a disfaçatez e petulância são visíveis e indisfarçáveis nestas figuras. Um abraço!

DJALMA OLIVEIRA disse...

Mara, me intrigou uma declaração da Dilma sobre o Rio de Janeiro ter sido escolhido sede das Olimpíadas de 2016. Sobre as faraônicas obras que serão necessárias, ela afirmou que além dos financiamentos do BNDES o Brasil necessitará de recursos extras, e garantiu que o Brasil possui infindáveis recursos. E as necessidades básicas do cidadão comum, como essas que você citou? Por que esses tais recursos nunca foram empregados para esse fim antes? Um grande beijo!